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rua augusta 331 consolação tels:3255-8448 * 3257-8129

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sessão Extra para o último final de semana e "As Suplicantes"

"As Suplicantes" é o primeira peça do projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO. Este final de semana encerra sua temporada com duas sessões extras: Sábado, 30, e Domingo, 1, além das sessões às 20h, teremos outra sessão às 21h.





terça-feira, 19 de junho de 2012

Crítica: Amante, em cartaz no CCBB.


Para a alegria dos amantes do teatro, o que nunca faltou em São Paulo foram ótimas peças em cartaz e ultimamente as grandes produções, principalmente musicais, resolveram invadir a terrinha da garoa de vez. Mas não é por isso que o circuito denominado alternativo deixou infestando a cidade com peças de menor orçamento, vertentes artísticas diferentes e textos originais. Nessa cidade cabem teatro de todos os gêneros e tamanhos e é nesse segundo setor que se encontra Amante. O espetáculo está em cartaz no Centro Cultural do Banco do Brasil, no centro da cidade, palco de exposições e mostras ao longo do ano inteiro, sempre com ingressos baratíssimos e trabalhos de qualidade que merecem uma chance do público paulistano que não costuma mudar de rota.
Com texto e direção de Roberto Alvim, livremente inspirado em uma obra inglesa, a peça recebe inegavelmente um destaque a mais por conter um ator conhecido da televisão e do cinema: Caco Ciocler, quem já admitiu – em outras palavras – fazer televisão pelo financeiro e teatro por amor à arte. Como colegas de palco, Ciocler tem apenas Juliana Galdino e Bruno Ribeiro. Não tão populares, mas igualmente interessantes e competentes em seus papeis como a amante e o investigador, respectivamente, enquanto Caco faz o respectivo marido.
Seria chato explicar o enredo da história já que a proposta da peça é realmente se revelar no decorrer de seus poucos 50 minutos de duração. Enquanto parece que o trio de personagens sabe muito bem o que aconteceu no passado e aonde querem chegar com o interrogatório feito na delegacia, local único onde se passa a trama.
Por se passar durante esse interrogatório, em Amante o texto é o elemento mais importante da peça, através dele os atores colocam todo o seu poder na fala e fazem da voz seu principal instrumento. Já para os espectadores fica o trabalho de aguçar os ouvidos e utilizar ao máximo a imaginação, pois dessa vez não há mensagens sendo entregues com todas as letras e dadas de mão beijada – como nos grandes espetáculos que a maioria está acostumado a assistir – e interpretações precisam ser feitas. Não há cenário e entre os poucos objetos de cena estão os figurinos e a pequena mesa do investigador com um gravador e uma luminária. A iluminação, aliás, embora simples, é estrategicamente colocada de forma que ilumine filetes de corpos, por vezes mais forte em um, por vezes mais forte em outro, aumentando a tensão de revelações feitas em paralelo entre o marido e sua mulher, atiçadas pelo investigador.
Intrigante e, sem dúvidas, original, Amante coloca até os mais assíduos fãs de teatro para pensar e digerir uma peça um tanto quando incomum e traz um novo tipo de experiência para o público mais leigo. Quem ainda não conhece o antigo prédio lindamente restaurado do CCBB, essa é a oportunidade. Preço não será desculpa, por R$ 6,00, um programinha diferente no final de semana é sempre bem-vindo!

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
            (11) 3113-3651       / 3113-3652
Sexta às 20h, sábado às 18h e às 20h e domingo às 19h
até 1º de julho


HIERONYMUS NAS MASMORRAS abre o projeto MOSTRA BRASILEIRA DE DRAMATURGIA CONTEMPORÂNEA


HIERONYMUS NAS MASMORRAS - texto Luiz Felipe Leprevost - direção Roberto Alvim - com Juliana Galdino, José Renato Forner e Ricardo Grasson - estreia 17 de julho - no CLUB NOIR - às terças, quartas e quintas, 21h - entrada gratuita - foto Bob Sousa - a peça abre o projeto MOSTRA BRASILEIRA DE DRAMATURGIA CONTEMPORÂNEA - todos os textos (8 obras, a serem encenadas de julho de 2012 a abril de 2013) serão publicadas pela editora 7 LETRAS.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Crítica. Folha de São Paulo. 14/06/2012


Ésquilo volta à cena
Luiz Fernando Ramos

Cena mínima. "As Suplicantes", primeiro dos seis espetáculos que o Club Noir deve estrear neste ano a partir das sete tragédias de Ésquilo (525 a.C.-456 a.C.), reitera o foco do grupo na redução radical de elementos cênicos e numa estética antidramática, raras no atual teatro brasileiro.

"As Suplicantes" é a obra inaugural do autor e demarca a teatralidade ocidental. Ali já se anuncia a forma do drama como apresentação de mitos arcaicos por meio de diálogos entre personagens e pontuada por um coro cantante e dançante que colabora para a narração.
Na peça, o coro predomina ao lado de três personagens individuais. Conta a saga das filhas de Dânaos. Estas são descendentes de Io, a mortal por quem Zeus se apaixonou e que, transformada pela deusa Hera numa novilha, é fecundada pelo deus e foge para o Egito.

A ação da tragédia começa quando as 50 filhas de Dânaos, quinta geração de herdeiros de Io e Zeus, chegam a Argos fugindo de seus 50 primos egípcios -filhos do irmão de Dânaos, Áígiptos, que querem desposá-las à força- e suplicam proteção do rei local.

A adaptação de Roberto Alvim suprime qualquer referência ao universo mitológico e concentra-se em intensificar a percepção das palavras do antigo poeta. Depuradas de contexto histórico e sem a função coral de narrar, elas são potencializadas como último reduto de sentido.

Sem enfatizar a trama e mais interessado no modo de as falas soarem, o encenador evita mastigar as ações em curso para o espectador e exige deles uma escuta fina.

A síntese de toda a tragédia se dá de modo sutil, apenas na interlocução de um quinteto de vozes, com atores quase estáticos e parcamente iluminados por uma única lâmpada de luz fria.

O notável no desenho da cena, toda em branco e preto e demarcada por uma estrutura vazada a que cabe afinal despir o espaço, é a surpreendente tensão que gera entre o silêncio e as falas milimetricamente enunciadas.

O simples jogo de vultos postos em relação e criando linhas de força sugere um conflito indefinido. A violência divina e tribal de machos contra fêmeas dá lugar a vozes ambíguas de paternidades vagas: tirânicas ou libertadoras?

Às lendas fixas, do tempo dos heróis, opõe-se o vazio vertiginoso de um presente prenhe de incertezas. Minimizando a narrativa e o drama dela advindo, Alvim, paradoxalmente, sintoniza um Ésquilo imprevisto.

ATÉ 1/7  EM SP

”As Suplicantes”
Quando: sex. e sáb., às 21h,
e dom., às 20h; até 1º/7
Onde: Club Noir
(r. Augusta, 331, São Paulo
tel. 0/xx/11/3255-8448)
Quanto: R$ 20
Classificação: 14 anos
Avaliação: ótimo

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Primeira crítica de "As Suplicantes". Do blog Traços Urbanos, por Marco Antonio André


do blog: http://tracosurbanos.blogspot.com.br/2012/06/hiketides-as-suplicantes.html

Demora um certo tempo para se apreciar um estranho.

O negro é a ausência de luz.
O branco é a ausência de tudo, o vazio, o nada.
O branco é o espaço a ser ocupado. Ou não.
O negro é a sombra de onde tudo pode surgir, onde alguma coisa pode acontecer. Ou não.
Quando o abstracionista russo Kazimir Malevich, em estado de total perturbação, pintou "Quadrado Negro Sobre Fundo Branco", buscava exatamente a liberdade de pensar, rompendo com todas as referências e rompendo radicalmente com todas as formas de representação.
"Quadrado Negro Sobre Fundo Branco" aparece na abertura do programa Peep Classics Ésquilo, projeto da Cia Club Noir e traduz com exatidão o trabalho de seu diretor Roberto Alvim e a proposta da própria companhia.
O projeto Peep Classics Ésquilo traz a obra completa do pai da tragédia em 6 espetáculos, estreando mês a mês,começando por As Suplicantes.
Um cubo vazado e uma lâmpada fria, 5 atores em cena praticamente imóveis e fragmentos do texto de Ésquilo. As suplicantes é o trabalho mais radical do diretor Roberto Alvim, dentro de sua proposta do Teatro do Transumano, rompendo com todos os padrões do velho teatro e transcendendo as limitações do homem - seja ele autor, ator ou público - e as limitações da própria obra.

Criando pontos de interrogação que flutuam sem perguntas e sem respostas, Alvim vai além dos sentidos e do significado, instalando um momento de caos sombrio de onde possam surgir novas idéias, um novo teatro.
Sim, o trabalho de Roberto Alvim é estranho, principalmente para nós, público leigo, acostumados a ver o trabalho de pessoas que fazem teatro e raramente temos acesso aos que pensam o teatro. É estranho, muito estranho, mas é absolutamente poético.
Escrita por volta de 463 a.C., As Suplicantes é a única peça que sobreviveu de uma tetralogia (As Suplicantes / Os Egípcios / As Danaides e o texto satírico Amimone). O nome em grego, Hikétides, significa ao mesmo tempo “recém-chegadas” e “suplicantes”.
O texto original narra a história das 50 filhas de Dânao, fugindo de um casamento arranjado com seus primos, os 50 filhos de Egito. Elas chegam a Argos buscando asilo político e religioso, declarando-se descendentes da antiga princesa de Argos. Apatridas e perseguidas, as recém-chegadas suplicantes causam estranheza ao povo argivo, que demora um pouco a acolhe-las.
Na adaptação de Alvim, pouco se vê do texto original mas há uma potencialização da essência, da força por trás da intenção das palavras. Inclusive as suprimidas.
Colocar os mais antigos textos dramáticos de que se tem notícia em uma proposta tão vanguardista, funde os dois extremos da timeline, fechando o quadrado e criando esse espaço de sombra ao qual Roberto Alvim, assim como Malevich em sua obra, se refere como "um furo no real", o avesso de um buraco negro que pode trazer à
tona a possibilidade de uma "novaoutra (est)ética".
A transmissão de inconscientes.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Club Noir encena todas as tragédias de Ésquilo no projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO





Pela primeira vez (no Brasil e também no âmbito internacional) uma companhia encena todas as obras do primeiro autor da história do teatro. Com direção e adaptação de Roberto Alvim, a companhia CLUB NOIR apresenta o projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO, formado pelas seis peças do primeiro dramaturgo que se tem notícia, reconhecido como o pai da tragédia. A programação abre com a tragédia AS SUPLICANTES.  O projeto tem patrocínio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.



Programação Completa – PEEP CLASSIC ÉSQUILO:

AS SUPLICANTES - de 8 de junho a 1º de julho
A obra proporciona a experiência do dilaceramento de indivíduos pelos turbilhões incontroláveis das pulsões: a sexualidade como enigma indecifrável. Sinopse: Um grupo de mulheres, fugindo desesperadamente de um grupo de homens que querem desposá-las, buscam refúgio em um país estrangeiro.

OS PERSAS - de 6 a 29 de julho
A obra proporciona a experiência do dilaceramento, pela guerra, de toda uma civilização. Sinopse: O gigantesco império persa, liderado por Xerxes, é aniquilado pelos gregos.

SETE CONTRA TEBAS - de 3 a 26 de agosto
A obra nos proporciona a experiência da escolha deliberada pela morte como forma de nos irmanarmos ao medo do implacável. Sinopse: Um exército, comandado por sete guerreiros monstruosos, tenta invadir e destruir a cidade de Tebas.

PROMETEU - de 7 a 30 de setembro
A obra é a proposição de uma habitação da vida (que ecoa a visão do filósofo pré-socrático Heráclito) que se configura como alteridade radical em relação a nosso modo hegemônico de estruturação psíquica. Sinopse: Por dar o fogo aos homens, o deus Prometeu é acorrentado por outros deuses ao cume de uma montanha, onde deverá permanecer preso por toda a eternidade.

ORESTÉIA I - de 5 a 28 de outubro
A trilogia ORESTÉIA (composta por 3 tragédias: AGAMÊMNON; AS COÉFORAS; e AS EUMÊNIDES) é a obra final de Ésquilo. Neste trabalho, o autor grego faz seu voto inevitável – posto que incontornável – em prol do caminhar para além da pulsão de morte: não se trata aqui do retorno ao útero materno, mas sim da chegada a uma instância existencial para além do homem. Sinopse: O rei Agamêmnon retorna de Tróia, após ter vencido a guerra, e é assassinado por sua esposa, Clitemnestra.

ORESTÉIA II - de 2 de novembro a 16 de dezembro
Sinopse: Orestes, filho de Agamêmnon e Clitemnestra, volta à casa para vingar a morte de seu pai, matando a própria mãe. Em seguida, sentindo a loucura se aproximar, foge.


Textos: Ésquilo. Direção e adaptação: Roberto Alvim. Com os atores da cia CLUB NOIR: Juliana Galdino, Renato Forner, José Geraldo Jr., Paula Spinelli, Ricardo Grasson, Frann Ferraretto, Jackeline Stefanski, Gabriela Ramos, Fernando Gimenes, Bruno Ribeiro, Luan Maitan e Marcelo Rorato. Produção Executiva: Danielle Cabral. Cenário e iluminação: Roberto Alvim. Figurinos: Juliana Galdino e Hélio Moreira Filho. Fotografias: Julieta Bacchin. Temporada: sextas e sábados às 21h e domingos às 20 horas. Até 1º de julho.