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rua augusta 331 consolação tels:3255-8448 * 3257-8129

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Folha de São Paulo aponta PEEP CLASSIC ÉSQUILO como um dos fatos mais notáveis do teatro neste ano:

Encenação de tragédias de Ésquilo é dos fatos mais notáveis do teatro neste ano


LUIZ FERNANDO RAMOS

CRÍTICO DA FOLHA
Quando o mínimo é o máximo. A encenação pelo Club Noir das sete tragédias que restaram de Ésquilo (525 a.C.-456 a.C.) é um dos fatos mais notáveis do teatro brasileiro neste ano.
Restringidos e ambientados em um mesmo cenário, na adaptação do dramaturgo e encenador Roberto Alvim, aqueles textos milenares reaparecem com estranho frescor e dialogam provocativamente com a arte contemporânea.
Ésquilo é o fundador da dramaturgia ocidental. São seus os textos mais antigos de que se tem notícia do chamado período clássico grego, no século 5 a.C. Deixou entre 70 e 90 tragédias, das quais apenas sete chegaram até nós: "As Suplicantes", "Os Persas", "Sete contra Tebas", "Prometeu Acorrentado" e a trilogia Oresteia.
Esta inclui "Agamenon", "Coéforas" e "Eumênides", e foi sintetizada pelo Club Noir em duas encenações: "Oresteia 1" e "Oresteia 2".
Lenise Pinheiro - 9.nov.2012/Folhapress
Bruno Ribeiro em cena da peça "Oresteia", do Club Noir
Bruno Ribeiro em cena da peça "Oresteia", do Club Noir
Na adaptação desse conjunto, Alvim utilizou um mesmo procedimento redutor. Subtraiu todos os elementos mitológicos, tradicionalmente associados às tramas em curso, e minimizou o papel do coro, diluindo sua função narrativa. As falas desobrigam-se de contar histórias e tornam-se substantivas, soando como poemas inaugurais.
A operação constritiva no texto refletiu em todas as montagens, com dispositivos cênicos comuns e procedimentos de atuação que enfatizam a enunciação em detrimento da narração.
Os atores estão quase estáticos e invisíveis. Potencializados como emissores, resgatam o que há na obra de Ésquilo de oracular sobre a condição humana.
A constrição se consubstancia também no espaço cênico. Citando a tela "Quadrado Negro", do pintor russo Kazimir Malevich (1878-1935), pintada em 1915, Alvim criou um cubo inteiramente vazado e iluminado só por uma fonte de luz fluorescente. É este vazio em chiaroscuro que as falas habitam e onde se entrechocam. Os atores entram e saem lentamente dele, constituindo vozes agentes que instauram presenças.
Isto demandou do elenco atrair todas as atenções para seus enunciados, assumindo por vezes distintas dicções e tons numa mesma frase. A responsável pela proeza é Juliana Galdino, atriz com extraordinário domínio vocal, e que preparou o elenco para realizar as seis montagens com esta mesma qualidade na atuação.
"Peep Classic Ésquilo" era um projeto ambicioso que, realizado, aproxima o teatro da grande arte. Demarca na trajetória do Club Noir um momento culminante, e na cena atual, não só brasileira como internacional, um gesto de extrema radicalidade.

PEEP CLASSIC ÉSQUILO
QUANDO "Oresteia 2", sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h; até 16/12
ONDE Club Noir (r. Augusta, 331, tel. 0/xx/11/ 3255-8448)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO ótimo

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mostra Brasileira de Dramaturgia Contemporânea estreia PROCURADO


PROCURADO, de Diego Fortes
direção: Juliana Galdino

estreia 13 de novembro
ter, qua e qui 21h

Entrada Gratuita!

CLUB NOIR 
rua Augusta, 331
*foto: Julieta Bacchin

sábado, 3 de novembro de 2012

Jornal O GLOBO traz Peep Classic Ésquilo


  • http://oglobo.globo.com/cultura/montagens-de-esquilo-sofocles-trazem-alguns-dos-maiores-nomes-do-teatro-nacional-6625925#ixzz2IXDtWzsK 

  • Clássicos voltam aos palcos simultaneamente no Rio e em São Paulo

  • RIO - Pode-se dizer que é um momento raro no cenário teatral brasileiro: Ésquilo e Sófocles, dois autores que fundaram a tragédia grega, ganham no espaço de uma semana montagens relevantes no Rio e em São Paulo — sem falar que Eurípedes, outro nome fundamental do gênero, foi encenado até a última terça-feira por formandos da CAL. Adaptações, reinvenções e (ins)pirações desses clássicos não faltaram ao longo dos anos — com maior ou menor sucesso. Mas agora, além da coincidência de datas, as encenações mergulham fundo nos originais de Ésquilo e Sófocles e chamam a atenção pelos nomes envolvidos em cada uma das produções.

  • A partir deste sábado, a atriz Malu Galli se divide entre a direção, com Bel Garcia, e a cena, ao lado de Gisele Fróes, Luciano Chirolli, Otto Jr., Júlio Machado e Daniela Fortes, em “Oréstia”, de Ésquilo, que estreia na Casa de Cultura Laura Alvim. Na semana que vem, Eduardo Wotzik comanda um elenco de peso e multigeracional, que reúne Amir Haddad, Gustavo Gasparani, Cesar Augusto, Eliane Giardini, Rogério Fróes e Fabianna de Mello e Souza, entre outros, em sua montagem para “Édipo Rei”, de Sófocles, que chega ao Espaço Sesc dia 8. Enquanto isso, em São Paulo, o fundador da Cia. Club Noir, Roberto Alvim, também se volta para Ésquilo em “Oresteia II”, que estreou ontem, tendo a seu dispor Juliana Galdino, que protagonizou a série de tragédias (“Medeia”, “Medeia II” e “Antígona”) dirigida por Antunes Filho entre 2001 e 2005.

  • — Como nós, Sófocles era um homem de teatro, com a vantagem de ter sido o criador do melhor teatro — diz Wotzik. — É por isso que não faço releitura. Estou integralmente concentrado no texto, fazendo um esforço hercúleo para revelar alguma parte de tudo o que ele nos possibilita. “Édipo” é um estudo arqueológico do homem, da fundação do que nos marca. Estamos diante do princípio do teatro, do direito e da psicanálise, mas nos atemos ao teatro, porque a obra de Sófocles dá a nítida sensação de que o teatro é a maior invenção da Humanidade.

  • Obra ancestral
  • Malu e Alvim voltam-se ao mais antigo dos autores trágicos, Ésquilo, e montam sua obra derradeira, “Oréstia”, ou “Oresteia”. Trilogia composta por “Agamêmnon”, “Coéforas” e “Euménides”, a trama começa após a vitória dos gregos na Guerra de Troia, quando Agamêmnon retorna a Argos vitorioso por ter vingado a honra de seu irmão, mas é traído e assassinado por sua esposa, Climnestra, e pelo amante desta, Egisto. Na segunda parte, Orestes e Electra, filhos de Agamêmnon, vingam sua morte, matando a mãe e seu amante. Já o final centra-se no julgamento de Orestes, que é absolvido. A trama é a mesma, e as motivações para encená-la são similares — mas o modo de levá-la à cena não, claro.

  • — Além de a história ser apaixonante, Ésquilo estabelece a tragédia como gênero — diz Malu. — Sua obra é ancestral, então todo o nosso imaginário e toda a dramaturgia ocidental devem a ele. Ésquilo é como uma arca, de onde parte tudo o que nos constitui. Foi um encontro.

  • Carioca radicado em São Paulo desde 2005, Roberto Alvim encena “Oresteia II” como a etapa final do projeto “Peep classic Ésquilo”, que levou à sede do Club Noir as peças “As suplicantes”, “Os persas”, “Sete contra Tebas” e “Prometeus” e a trilogia “Oréstia”, dividida em duas partes (a primeira ele estreou em abril). Mas o diretor não decidiu encená-las por reconhecê-las como constituintes do que somos, e sim pelo fato de esses textos suscitarem múltiplas visões e “possibilidades do humano”.

  • — Ésquilo instaura formas de vida que se configuram como alteridades radicais em relação à nossa vivência contemporânea — diz. — Ele transfigura tanto a nossa experiência de tempo e espaço quanto a nossa ideia estabelecida sobre o que seja a Humanidade. Assim, sua dramaturgia atua, hoje, como uma reinvenção do homem e do teatro.

  • Para Alvim, a poética de Ésquilo funda um teatro que não se configura como um “espelho do mundo”:

  • — Não nos reconheceremos, nem a nós, nem ao nosso mundo, nessas obras — diz. — O que veremos são outros mundos, habitados por outras formas de vida. A estética de Ésquilo estabelece outra possibilidade do humano.

  • Antecessor de Sófocles e Eurípides, Ésquilo instaura as bases da tragédia e introduz o segundo ator em cena, possibilitando o diálogo entre dois personagens e a triangulação com o coro. Em sua obra, os enredos são guiados por traições, vinganças, assassinatos... Em suma: destinos humanos regidos pelos ditames dos deuses e, por isso, incontornáveis, irrefreáveis, enfim, trágicos. Nas obras trágicas, a fatalidade dos acontecimentos escapa e supera a ordem da razão.

  • — “Oresteia” carrega uma qualidade de testamento artístico-existencial do autor — diz Alvim. — Orestes mata a própria mãe, quebrando a base de qualquer possibilidade civilizatória; e, surpreendentemente, Ésquilo o absolve do crime e permite que Orestes siga em frente, numa jornada que nos levará a uma instância desconhecida, distante de qualquer normatização.
  • Essa incapacidade de fixar normas e de se ater à razão também rege a visão de Malu. Para ela, as ações inevitáveis dominam o jogo:
  • — Ésquilo fala ao inconsciente, de um modo em que o racional não dá conta — diz ela. Mas nem por isso a emoção sai de cena.— A tragédia tem que chegar ao coração, tem que afetar as pessoas — diz Malu. — Mas é uma qualidade de emoção diferente. Somos formados pelo drama, então tivemos que descobrir como atingir a emoção no trágico, em que o personagem não conta algo que leva à emoção, ele age. Na tragédia, a emoção vem da ação, do gesto preciso, essencial, que fala por si. Não há crise, consciência ou elaboração mental.

  • A peça-mãe do teatro
  • Emoção esta que irrompe a partir do que Aristóteles designa como catarse. Para o filósofo, a tragédia cumpre sua função ao purgar a emoção dos espectadores, a partir da compaixão e do terror gerado pelos infortúnios do herói trágico. Mas a catarse é posta de lado no trabalho de Alvim.

  • — A dita “função catártica” é apenas a visão de Aristóteles — diz. — Essas obras nunca tiveram como função provocar catarse alguma. As tragédias de Ésquilo são a instauração poética de forças de diferentes intensidades, que presentificam uma visão heraclítica (pré-socrática) da vida, da ordem da alteridade radical em relação à nossa forma de vivenciar a humanidade.

  • Visão oposta têm Eduardo Wotzik e Gustavo Gasparani, idealizadores da nova montagem para “Édipo Rei”.

  • — Não queríamos montar “Édipo” numa pesquisa de linguagem — diz o ator.

  • Para o diretor, a catarse é o fundamento da tragédia.

  • — Trabalho arduamente para criar um ritual cênico capaz de levar o espectador à catarse. Busco a comunicação direta e emocional — diz Wotzik. — Sófocles criou o teatro oficial, e não o experimental. Construiu histórias emocionais, e é por isso que eu faço um Édipo que provoca vibração, emoção. A tragédia foi usada por eruditos em jogos de poder, traduzida por estes de forma complexa para dificultar a compreensão, foi usada por criadores alternativos em exercícios de ego, todas formas de distanciá-la de sua origem, que é popular. Quero devolver a tragédia à população. Houve uma tentativa de nos deixar órfãos delas, e é por isso que eu resgato esta peça-mãe do teatro.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Último espetáculo do projeto PEEP CLASSIC ÉSQUILO estreia no Club Noir


ORESTÉIA II de ésquilo
direção e adaptação de roberto alvim

 sex, sáb 21h dom 20h
 com Bruno Ribeiro, Juliana Galdino Frann Ferraretto, Gabriela Ramos e Zé Geraldo Jr.

 rua augusta, 331 3255-8448 / 3257-8129