A leitura ocorreu na Cia Brasileira de teatro e fez parte do projeto "em companhia de (...)", demtro do Festival de Curitiba 2011.
Juliana Galdino leu Fatia de Guerra, texto do curitibano Andrew Knoll (integrante do Núcleo de Dramaturgia SESI PARANÁ, com coordenação de Roberto Alvim).
Abaixo a publicação do autor em seu blog http://knollandd.blogspot.com/2011/04/fatia-de-guerra-leitura-na-cia.html
Ontem, 06/04/2011, 18:00h, aconteceu na sede da Cia Brasileira de Teatro, a Leitura do texto FATIA DE GUERRA, de minha autoria, no evento intitulado “em companhia de (…)", no Festival de Curitiba 2011.
a Leitura foiexecutada pela atriz Juliana Galdino, sob direção de Roberto Alvim, ambos da Cia Club Noir.
Depois de um dia turbulento de trabalho na produção de vídeos, e do ensaio para o outro texto de minha autoria – DEVASTIDÃO, para a MOSTRA SESI DRAMATURGIA – depois da imobilidade de 3 minutos em frente à porta do teatro, subi as escadas do prédio da Cia. Brasileira de Teatro.
Entrando na sala, notei o pesado silêncio que ali havia se instalado. A leitura já estava em andamento.
Na penumbra, no canto mais extremo e escondido da sala, temendo chamar atenção, não consegui tirar os olhos da figura vigorosa que, demonstrando uma técnica controlada, numa leitura rica em nuances, timbres, velocidade, tempos, exato controle sobre a atenção, de forma fluente - o que só uma atriz com técnica e dedicação suficiente poderia dispôr, sob uma direção precisa como foi a do Roberto - realmente um exemplo para toda a nossa geração - com uma naturalidade impressionante, fazia com que eu identificasse as palavras que um dia me propus a escrever, tomando agora, dimensões a se desenvolver e ecoar na efemeridade do tempo, na corporalidade do espaço.
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Era "apenas" uma leitura, e no entanto, não vi da parte dela, nem do Roberto, desleixo para com o trabalho. Em nenhum momento.
Pelo contrário. Todo o respeito lhe foi imbuído, desde o seu primeiro contato.
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Lá pelo fim da leitura, ela não se conteve, e emocionada, com a garganta presa, deixou as lágrimas rolarem, em frente a todos. Senti a atmosfera da sala mudar. Também, junto com ela, não deixei de me emocionar.
Mas, para fora de qualquer vaidade a n=me puxar para uma possível credulidade cegante que as condições do evento em si poderia sugerir, foi realmente uma ótima leitura, e pude constatar - avaliando comentários como os de Márcio abreu, feitos ainda no calor do evento - que o texto é sim capaz de ser também um objeto de comunicação, e, principalmente, de expansão de um modo de escrita que, para mim, está apontando no horizonte, e que também espero, que esteja apontando horizontes, num movimento que está julgo estar no seu início, e a ter de reinventar, possivelmente, técnicas específicas que possam dar conta destas novas abordagens.
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Só tenho a agradecer a dedicação do que, julgo, deveria ser parâmetro geral para toda a geração de atores/atrizes que aí estão, visando o que ainda está por “se fazer”, afim de que possamos vislumbrar sobre possibilidades de encenar estes textos que estão sendo escritos agora, para este momento, ou para o momento vindouro. Sim - o vislumbre que se faz saudável, premente e urgente.
E, arriscando por cima, só com uma técnica afiada, exata , precisa – o que só se consegue com o debruçar-se com o devido rigor físico e intelectual sobre o trabalho, qualquer que seja este - e com o controle desta, por parte dos possíveis atores que se disporem ir ao encontro destes textos, é que poderemos apontar caminhos para a possível execução destas novas dramaturgias, afim de relativizarmos que caminhos poderemos apontar para a execução de experiências que possam ser provedoras, compartilhadoras e expansoras destes universos em questão.
* O identificar as questões que cada objeto de dramaturgia propõe, em específico.
* O colocar-se no lugar primordial de quem propõem tais questões, com e nos textos, especificamente, controlando a pretensão natural de querer dirigí-los, preenchendo por demais as lacunas que tais objetos se nos apresentam, dando assim uma sugestão finita para algo que, a meu ver, tende a nascer com o propósito ser, desde a gênese, um poema infinito.
* O estar aberto a o que eles podem nos oferecer.
Obrigado de todo à Roberto Alvim, por ter compartilhado comigo da leitura deste texto num fim de tarde, na sala da Casa do Damaceno. E à Juliana por ter se disponiilizado para a leitura.
Para mim uma honra, e uma motivação para continuar à escrita - ainda que considere este momento - BOXS, FATIA DE GUERRA, DEVASTIDÃO - como um desenho circular onde a linha já quase tange o ponto de seu início.
4 comentários:
A apropriação do objeto cênico pela ideologia niilista contemplativa subverte as questões oníricas da proposta consusbstancial e aristotélica reverberada no trabalho proposto. Há que se angariar objetivos métricos indissolúveis da representação homérica, menos datada no que se pode aclamar como cena multifacetada sísmica.
Me desculpe, Felipe, mas, para o momento, não tenho interese na conflagração de um sistema métrico que seja indissoluvel da representação homérica para o modus operante deste sistema proposto em FATIA DE GUERRA. Nem mesmo julgo a proposta consubstancialmente aristotólica, não, pelo menos, nos seus modos de formação, nem de organização textual na time line oferecida à leitura.
Sejamos francos. Se o objeto em questão acabou por sujerir uma aura contemplativa - e niilista - para você, isto fica a cargo da tessitura de SEU repertório. Mas não concordo que esta experiência tenha sido gerida para o todo da recepção, ao momento da leitura.
Felipe Cruz, seu comentário é sério? Se não, 'stou a perder meu tempo.
Caro Andrew. A ideologia sistêmica de anedotas fetichistas impede o enquadramento de um teatro onírico, tal qual as propostas alemã e russa.
É evidente que beber desta água será um aporte para projetos dramatúrgicos futuros, se o que você pretende é um enfrentamento nada hermético no território da verossimilhança. Os estóicos tardam, mas não blefam.
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