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segunda-feira, 21 de novembro de 2011
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
"Nas cidades, as florestas". Crítica.
Do site: http://antroexpostodialogos.blogspot.com/2011/11/nas-cidades-as-florestas.html?spref=fb
Por Ruy Filho
Um dia, esse dia será lembrado
DRAMAMIX
“Nas cidades, as florestas”
Dramaturgia e Direção: Roberto Alvim
Elenco: Renato Forner, Bruno Ribeiro, Ana Paula Csernik e Jaqueline Stefanski
Contar uma história parece razoável, quando falamos de teatro. Escutar um pouco sobre a vida de um outro inventado, criado a partir das necessidades do autor ou tema, e completar o recurso na tentativa de incluir na narrativa alguma mensagem ou informação que reconheçamos importante o suficiente para que ali estejamos disponíveis a absorver tudo. Ainda que se tente fugir, e não importando os caminhos ou atalhos perseguidos, a história sempre estará lá como norte de interpretação do que se assiste. É inerente ao teatro sua capacidade narrativa, mesmo aos recursos mais abstratos. Só que há maneiras e maneiras de se narrar, de contar, de apresentar uma história.
Roberto Alvim é desses que se inquieta com o dizer e consegue ir além da obviedade construindo em seus espetáculos algo maior e mais próximo ao experimentar o teatro como recurso de discurso e não de moral, meramente. Faz da palavra instrumento cênico, e não o uso trivial da narração discursiva. Recria os princípios da narrativa ao se propor ir além do contexto retórico para tornar o dizer necessidade estética.
Nas Cidades, As Florestas é, sem dúvida, seu trabalho mais belo. Construído pela estética qual vem pesquisando junto a sua companhia, nos últimos anos, onde a pouca luz existente em cena não necessariamente é utilizada para iluminar o ator, mas como composição espacial para elaborações de ambiências perceptivas, e trabalhando a voz, a partir dos estudos de Juliana Galdino, também fundadora do Noir, cuja projeção e ampliação desconsidera a métrica usual para trazer a sonoridade como interpretação simbólica mais aos subtextos do que às falas em si. Reunindo o melhor de ambas as pesquisas, estéticas e técnicas, portanto, o espetáculo apresentado alcança um nível poético capaz de ir além dos próprios recursos escolhidos. E aí ocorre, verdadeiramente, uma possível revolução na linguagem de Roberto.
Aos que acompanham o Noir e suas experimentações, basta dizer que Nas Cidades, As Florestas possui tudo que há nos trabalhos anteriores, mas gera poeticamente uma potência tão perturbadora ao espectador, que é impossível não se levar à emoção.
Por fim, ainda que valeria discursar por páginas e páginas sobre a cena, mas o que exigiria assisti-la igualmente tantas vezes mais, fica a sensação de que pudemos presenciar mais do que um espetáculo, mas aquele instante raro e quase sempre solitário, quando um artista se observa ao espelho e se descobre maduro.
Roberto Alvim dá o primeiro passo para consolidar de vez a importância de sua trajetória. Agora, especificamente, demonstrando e redimensionando seus discurso a um nível de poesia maior do que qualquer pesquisa teatral. Sim, o artista se revelou maior do que sua própria arte. E isso é um prazer assistir acontecer.
Por Ruy Filho
Um dia, esse dia será lembrado
DRAMAMIX
“Nas cidades, as florestas”
Dramaturgia e Direção: Roberto Alvim
Elenco: Renato Forner, Bruno Ribeiro, Ana Paula Csernik e Jaqueline Stefanski
Contar uma história parece razoável, quando falamos de teatro. Escutar um pouco sobre a vida de um outro inventado, criado a partir das necessidades do autor ou tema, e completar o recurso na tentativa de incluir na narrativa alguma mensagem ou informação que reconheçamos importante o suficiente para que ali estejamos disponíveis a absorver tudo. Ainda que se tente fugir, e não importando os caminhos ou atalhos perseguidos, a história sempre estará lá como norte de interpretação do que se assiste. É inerente ao teatro sua capacidade narrativa, mesmo aos recursos mais abstratos. Só que há maneiras e maneiras de se narrar, de contar, de apresentar uma história.
Roberto Alvim é desses que se inquieta com o dizer e consegue ir além da obviedade construindo em seus espetáculos algo maior e mais próximo ao experimentar o teatro como recurso de discurso e não de moral, meramente. Faz da palavra instrumento cênico, e não o uso trivial da narração discursiva. Recria os princípios da narrativa ao se propor ir além do contexto retórico para tornar o dizer necessidade estética.
Nas Cidades, As Florestas é, sem dúvida, seu trabalho mais belo. Construído pela estética qual vem pesquisando junto a sua companhia, nos últimos anos, onde a pouca luz existente em cena não necessariamente é utilizada para iluminar o ator, mas como composição espacial para elaborações de ambiências perceptivas, e trabalhando a voz, a partir dos estudos de Juliana Galdino, também fundadora do Noir, cuja projeção e ampliação desconsidera a métrica usual para trazer a sonoridade como interpretação simbólica mais aos subtextos do que às falas em si. Reunindo o melhor de ambas as pesquisas, estéticas e técnicas, portanto, o espetáculo apresentado alcança um nível poético capaz de ir além dos próprios recursos escolhidos. E aí ocorre, verdadeiramente, uma possível revolução na linguagem de Roberto.
Aos que acompanham o Noir e suas experimentações, basta dizer que Nas Cidades, As Florestas possui tudo que há nos trabalhos anteriores, mas gera poeticamente uma potência tão perturbadora ao espectador, que é impossível não se levar à emoção.
Por fim, ainda que valeria discursar por páginas e páginas sobre a cena, mas o que exigiria assisti-la igualmente tantas vezes mais, fica a sensação de que pudemos presenciar mais do que um espetáculo, mas aquele instante raro e quase sempre solitário, quando um artista se observa ao espelho e se descobre maduro.
Roberto Alvim dá o primeiro passo para consolidar de vez a importância de sua trajetória. Agora, especificamente, demonstrando e redimensionando seus discurso a um nível de poesia maior do que qualquer pesquisa teatral. Sim, o artista se revelou maior do que sua própria arte. E isso é um prazer assistir acontecer.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Déjà Vu Histórico (Blog Traços Urbanos)
Do site: http://tracosurbanos.blogspot.com/2011/11/deja-vu-historico.html?zx=bf0d8996f2f1432c
Quando Arthur Miller escreveu As Bruxas de Salem, em 1953, usou a histeria religiosa de um dos períodos mais negros da história da humanidade, o da Santa Inquisição, para criticar o Macarthismo e a perseguição aos comunistas nos Estados Unidos.
O movimento criado pelo Senador Joseph McCarthy em 1951 baseava-se na ignorância, no preconceito e realizou uma verdadeira "caça às bruxas" da qual não escaparam pensadores, artistas e jornalistas da época. Na classe artística esse período ficou conhecido como Red Scare Era, a Era do Pânico Vermelho.
Se na idade média o simples fato de possuir um gato preto podia levar alguém à fogueira, durante o Macarthismo qualquer vestígio de pensamento "anti-americano" podia classificar o indivíduo como comunista e levá-lo à prisão, tortura e morte. Algo bem próximo ao que vivemos no Brasil durante o governo militar nos anos 60 e 70.
A Santa Inquisição foi criada em 1.184 e existiu até 1.821. Estima-se que tenha feito 9 milhões de vítimas. O Macarthismo durou pouco mais de 1 década e matou bem menos gente mas ocupa seu lugar na lista de momentos vergonhosos da história da humanidade.
A atriz e diretora Juliana Galdino resgata o clássico de Arthur Miller em uma versão muito particular. Trabalhando a luz ou a ausência dela, Galdino explora a força do texto e a interpretação vigorosa de um elenco de jovens e grandes talentos. Destaque para Fernando Gimenez, perfeito na pele do personagem John Proctor; e a surpreendente performance de Fernanda Valêncio como a escrava Tituba.
Com duração de aproximadamente 1 hora o espetáculo parece durar apenas alguns minutos, tamanha a tensão que envolve atores e expectadores. Nada separa o público do palco. Ao contrário. Sentados na platéia somos parte da trama, envoltos pela mesma escuridão nos tornamos cúmplices silenciados pelo medo.
Bruxas, em cartaz no Club Noir, é um espetáculo primoroso e, como todos os trabalhos de Juliana Galdino, não é entretenimento. É um convite a pensar, a refletir.
Bruxas
Adaptação de As Bruxas de Salem, de Arthur Miller
IV Paralela Noir
Cia Club Noir
Direção de Juliana Galdino
Em cartaz até 18 de dezembro no Club Noir
Rua Augusta, 331 - Consolação - São Paulo
Sábados às 21 h e Domingos às 20 h
Ingressos gratuitos
(Retirar 1 hora antes do espetáculo)
"Comunicação a uma academia" volta ao Club Noir
Em cartaz: BRUXAS
Estreou no último dia 12 a IV edição da Paralela Noir o espetáculo BRUXAS, uma adaptação do texto "As Bruxas de Salém", de Arthur Miller.
O espetáculo dirigido por Juliana Galdino acontece aos Sábados, às 21h e Domingos, às 20h.
Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados com 1 hora de antecedência do início do espetáculo.
Ficha Técnica
texto
Arthur Miller
direção
Juliana Galdino
assistente de direção
Renato Forner
Com
Amanda Mantovani
Alessandro Marba
Dawton Abranches
Débora Ester
Elisa Volpatto
Fernanda Valencio
Fernando Gimenes
Jackeline Stefanski
Letícia Rossetti
Luan Maitan
Mauricio Bittencourt
Marcelo Rorato
Paula Spinelli
Rafaela Pavão
Thais Rapini
técinca
Dias Filho
Priscila Sayuri
Club Noir participa da edição 2011 das Satyrianas
*foto de lenise pinheiro
“Nas Cidades, as Florestas”, de Roberto Alvim.
Sinopse: Um bebê / uma morte / um fantasma... não são eles: somos nós - e não somos mais: outras mitologias... novos moldes. você ouviu?
Direção, Iluminação e Cenografia: Roberto Alvim
Figurinos: Juliana Galdino
Elenco: José Renato Forner, Bruno Ribeiro, Anapaula Csernik, Jackeline Stefanski Bernardes
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