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segunda-feira, 14 de maio de 2012
Matéria do jornal Correio do Povo - 5 de Maio de 2012
Para quem vive de cultura
Expedito Araujo
Muitos artistas se manifestam com reverberação por espaços de intervenção, sobretudo, ao tratar a cultura como um encontro vivo, possível e palpável. Assim, a potencialização de ações a partir da apropriação de ferramentas que proporcionam o "vir a ser" - como um meio e não um fim - possibilitam uma real ação de artistas a emergir e transcender conceitos no mundo da arte. Ser artista é transfigurar o senso comum, e o senso comum é cultural.
Percebo muitos coletivos criando suas alternativas como centros geradores de transformação perante a realidade da economia para a cultura. Exemplos admiráveis! Entre eles, posso citar Club Noir (SP), Ói Nóis Aqui Traveiz (RS), Coletivo Angu de Teatro (PE), Cia. Cacos de Teatro (AM), Cia Luna Lunera de Teatro (MG), entre tantos outros.
Talvez esta seja uma forma de romper o processo de massificação em busca da construção coletiva do fazer para um possível plano de futuro, fazendo nascer uma espécie de realização "compartilhada", já que o foco para criação surge a partir de vontades, necessidades e urgências de cada grupo. Essas ações trazem à tona uma necessidade de um processo de "retransfiguração". Assim surge um novo lugar de ação da sociedade civil, onde os artistas conscientemente devem ser gestores de suas ações.
Hoje se estabelece uma ambiguidade de interesses individuais que interrompem a linearidade de qualquer problematização a respeito de conceitos que saem da estética cênica, com o devido respeito, e alcem voo para os novos modos de produção na contemporaneidade. Intimamente ligados às questões apontadas, temos um quadro onde cultura e teatro passam a existir como campo gerador de interseção que pode ser estabelecido de diversas formas. Por outro lado, num âmbito maior, efetivam-se cidades com artistas que "dançam" com perspectivas transformadoras de criação e ocupação da produção artística contemporânea; de formação de público; de ênfase na estética cênica como obra de arte, de democratização das ferramentas de trabalho; e, por fim, de novas condições de "lugar". Este texto não se fecha por aqui, outros aspectos poderiam ser apresentados. É apenas o começo de uma longa reflexão, como a que acontece neste domingo, no Theatro São Pedro, com o Debates Vivo EnCena: O Trágico na Contemporaneidade. Dessa forma, estabeleço um olhar abrangente sobre um viés da cena teatral que fundamenta, ainda mais, a identidade de nosso bem cultural e o valor do teatro brasileiro contemporâneo.
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