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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Folha de São Paulo aponta PEEP CLASSIC ÉSQUILO como um dos fatos mais notáveis do teatro neste ano:

Encenação de tragédias de Ésquilo é dos fatos mais notáveis do teatro neste ano


LUIZ FERNANDO RAMOS

CRÍTICO DA FOLHA
Quando o mínimo é o máximo. A encenação pelo Club Noir das sete tragédias que restaram de Ésquilo (525 a.C.-456 a.C.) é um dos fatos mais notáveis do teatro brasileiro neste ano.
Restringidos e ambientados em um mesmo cenário, na adaptação do dramaturgo e encenador Roberto Alvim, aqueles textos milenares reaparecem com estranho frescor e dialogam provocativamente com a arte contemporânea.
Ésquilo é o fundador da dramaturgia ocidental. São seus os textos mais antigos de que se tem notícia do chamado período clássico grego, no século 5 a.C. Deixou entre 70 e 90 tragédias, das quais apenas sete chegaram até nós: "As Suplicantes", "Os Persas", "Sete contra Tebas", "Prometeu Acorrentado" e a trilogia Oresteia.
Esta inclui "Agamenon", "Coéforas" e "Eumênides", e foi sintetizada pelo Club Noir em duas encenações: "Oresteia 1" e "Oresteia 2".
Lenise Pinheiro - 9.nov.2012/Folhapress
Bruno Ribeiro em cena da peça "Oresteia", do Club Noir
Bruno Ribeiro em cena da peça "Oresteia", do Club Noir
Na adaptação desse conjunto, Alvim utilizou um mesmo procedimento redutor. Subtraiu todos os elementos mitológicos, tradicionalmente associados às tramas em curso, e minimizou o papel do coro, diluindo sua função narrativa. As falas desobrigam-se de contar histórias e tornam-se substantivas, soando como poemas inaugurais.
A operação constritiva no texto refletiu em todas as montagens, com dispositivos cênicos comuns e procedimentos de atuação que enfatizam a enunciação em detrimento da narração.
Os atores estão quase estáticos e invisíveis. Potencializados como emissores, resgatam o que há na obra de Ésquilo de oracular sobre a condição humana.
A constrição se consubstancia também no espaço cênico. Citando a tela "Quadrado Negro", do pintor russo Kazimir Malevich (1878-1935), pintada em 1915, Alvim criou um cubo inteiramente vazado e iluminado só por uma fonte de luz fluorescente. É este vazio em chiaroscuro que as falas habitam e onde se entrechocam. Os atores entram e saem lentamente dele, constituindo vozes agentes que instauram presenças.
Isto demandou do elenco atrair todas as atenções para seus enunciados, assumindo por vezes distintas dicções e tons numa mesma frase. A responsável pela proeza é Juliana Galdino, atriz com extraordinário domínio vocal, e que preparou o elenco para realizar as seis montagens com esta mesma qualidade na atuação.
"Peep Classic Ésquilo" era um projeto ambicioso que, realizado, aproxima o teatro da grande arte. Demarca na trajetória do Club Noir um momento culminante, e na cena atual, não só brasileira como internacional, um gesto de extrema radicalidade.

PEEP CLASSIC ÉSQUILO
QUANDO "Oresteia 2", sex. e sáb., às 21h; dom., às 20h; até 16/12
ONDE Club Noir (r. Augusta, 331, tel. 0/xx/11/ 3255-8448)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO ótimo

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