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domingo, 11 de abril de 2010

"H.A.M.L.E.T" é a nova (excelente) montagem do teatro Club Noir

Do site http://colheradacultural.com.br/content/20100323225340.000.5-N.php

por Luty Vasconcelos - 24 de março de 2010


O burro, um dos personagens do inconsciente de Hamlet, segura o icônico crânio, que na versão original é de Yorick- o bobo da corte, ou seja, o sábio do reino.
Não. Essa não é apenas mais uma montagem de Hamlet. O Teatro Club Noir apresenta "H.A.M.L.E.T", com direção de Juliana Galdino -- vencedora do Prêmio SHELL 2002 de Melhor Atriz e indicada à mesma categoria em 2009 --, em mais uma das várias parcerias assertivas com o dramaturgo Roberto Alvim, autor do texto inspirado no clássico shakesperiano mais encenado da história.LEIA MAIS: Um palco, um macaco e emoções humanas -Teatro Club Noir monta texto de Kafka
Roberto Alvim “reescreveu" o clássico transportando a trama para os dias de hoje não só em rubricas teatrais, como na essência dos personagens: se Hamlet tivesse nascido na sociedade contemporânea do século 21, ele provavelmente seria mais um indivíduo com problemas familiares, doenças psiquiátricas e dependente de remédios. O texto original, escrito em 1600, marca a ideia de que o homem moderno era capaz de refletir e ter consciência sobre si mesmo e, atualmente, muitos preferem esconder essa capacidade por trás de rótulos, ou diagnósticos das doenças da atualidade, como quem ostenta uma tarja preta. Deitado em uma cama de hospital, o Hamlet gordo e careca encenado pelo ator Renato Forner vive dopado entre questionamentos íntimos e pensamentos até lúcidos, intercalados pela alucinação da droga, que o alivia das duras verdades construídas nos momentos de "lucidez". É praticamente o retrato do inconsciente de um homem atormentado pela realidade caótica que o cerca. "Os personagens originais de Shakespeare aparecem em uma roupagem nova, re-significando, deslocando e ampliando as possibilidades de leitura acerca dos múltiplos sentidos da peça", explica o autor. Tanto é assim que Polônio se torna um médico psiquiatra; Ofélia, uma frágil enfermeira, única mulher com quem Hamlet tem contato além de Gertrudes, uma viciada em analgésicos e nos prazeres da sua alienação.
A direção de Juliana Galdino mantém características de estilo da companhia, como o posicionamento dos personagens no palco desenvolvendo os diálogos que parecem criar desenhos geométricos no espaço cênico, além do ritmo cadenciado do texto. Cenografia, figurino e iluminação constroem imagens impecáveis, que nessa montagem tem ares de fotografia contemporânea. A complexidade poética vai desde as soluções estéticas das cenas até o som. Tudo impecável.
Ao final do espetáculo, a vontade que dá é de ficar comentando cenas, referências e sensações causadas em quem a assiste. Para quem gosta de teatro, "H.A.M.L.E.T" é uma excelente opção.
Serviço:H.A.M.L.E.T Teatro Club Noir. Rua Augusta, 331, Consolação.- São Paulo(11) 3255-8448
Sextas e sábados às 21h; domingo às 20h - temporada até 23 de maio
Preço: R$30,00

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